Bate-papo com o luthier Eduardo Kaiser (Kaiser Guitars)
Olá, pessoal!
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Corpos e braços Kaiser Guitars |
Há algum tempo venho
acompanhando alguns trabalhos de profissionais que oferecem corpos e braços de
guitarras semiprontos para venda. Embora ainda não tenha realizado esse tipo de
experiência (comprar partes avulsas), um dia ainda pretendo levar em frente um
projeto desse tipo. Pois bem. Certo dia ao fuçar no Facebook, conheci o
trabalho do Eduardo Kaiser – responsável pela Kaiser Guitars, que fica em Nova
Petrópolis, Rio Grande do Sul. Além da qualidade e precisão no corte dos corpos
e braços (feitos em CNC), duas características no trabalho dele me chamaram a
atenção: a qualidade das madeiras utilizadas na confecção dos corpos e braços e
a utilização de espécies de madeiras pouco ou nunca antes utilizadas (kiri,
garopa, timburi, etc.).
Para satisfazer um
pouco da minha curiosidade, entrei em contato com o Eduardo e propus uma
entrevista para saber um pouco sobre o trabalho que ele desenvolve e sobre o
mercado de partes avulsas. Muito gentil e solicito, ele respondeu prontamente
todas as perguntas enviadas.
Ao Eduardo Kaiser,
nossos sinceros agradecimentos pela participação e votos de muito sucesso nessa
empreitada. A quem possa interessar, os contatos da Kaiser Guitars seguem ao
final da entrevista.
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Tele Deluxe 72 em mogno |
Guitarras
Made In BraSil (GMB): Como você iniciou seus trabalhos em luthieria? Conte-nos
um pouco sobre sua trajetória.
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Corpo Tele Cedro Mara e top Guajuvira |
Eduardo
Kaiser (EK):
Lembro que há uns cinco anos atrás, vi uma postagem em um blog onde o cara
montou sua própria Telecaster do zero. Achei aquilo lindo e fiz o mesmo, bem
artesanalmente. Depois disso, comecei a trabalhar com importação e revenda de
peças de guitarra e entrei nesse mercado.
No início, montei uma oficina bem pequena (coisa
de fundo de quintal mesmo) para fabricar corpos feitos à mão, comecei com
modelos mais simples, tipo Strato, Tele e Jazzmaster. Tudo era feito com serra
fita, tupia e gabaritos MDF. Fazia os trabalhos nos finais de semana, gostava
muito de fazer isso.
Depois de um ano fazendo corpos artesanalmente, decidi largar meu emprego e investir tudo nesse negócio. Adquiri uma máquina CNC e consegui um espaço maior para começar a fazer peças de melhor qualidade.
Apesar de que no Brasil existam empresas que entregam guitarras custom fantásticas, o mercado de partes não era tão preocupado com qualidade e variedade. Sempre acreditei que poderia fazer melhor do que aquilo que era oferecido. Comecei a oferecer também modelos Les Paul - feitos de acordo com os padrões originais da Gibson, braços variados, modelos personalizados e tudo mais que o pessoal pedia. Fui me aperfeiçoando mais e assim estou seguindo.
Depois de um ano fazendo corpos artesanalmente, decidi largar meu emprego e investir tudo nesse negócio. Adquiri uma máquina CNC e consegui um espaço maior para começar a fazer peças de melhor qualidade.
Apesar de que no Brasil existam empresas que entregam guitarras custom fantásticas, o mercado de partes não era tão preocupado com qualidade e variedade. Sempre acreditei que poderia fazer melhor do que aquilo que era oferecido. Comecei a oferecer também modelos Les Paul - feitos de acordo com os padrões originais da Gibson, braços variados, modelos personalizados e tudo mais que o pessoal pedia. Fui me aperfeiçoando mais e assim estou seguindo.
Luxo: Les Paul Quilted Maple Top |
(GMB): Como
é o mercado brasileiro para venda de partes (corpos e braços) de
guitarra/baixo. O público abraçou a ideia?
(EK): Sim. Existe um
público muito grande para esse negócio. Assim como fiz anos atrás, montando
minhas primeiras guitarras em casa sem muitas ferramentas, há milhares de
outros guitarristas fazendo o mesmo. E como as pessoas estão cada vez mais se
dando conta de que as madeiras brasileiras são excelentes e cobiçadas no
exterior, esse mercado está crescendo a cada dia.
(GMB):
Além de disponibilizar corpos e braços, você também comercializa instrumentos
já finalizados?
(EK): Não. O máximo que
faço é entregar ele com pintura pronta. Não quero perder essa característica. Minha
referência de negócio é a Warmoth, dos EUA. Que faz componentes de altíssima
qualidade, para construção de guitarras ou apenas reposição de partes.
Strato c/ escudo em cabreúva |
(GMB): Você
disponibiliza madeiras nacionais diferentes, que provavelmente nunca foram
utilizadas antes na construção de instumentos musicais. Como você escolhe essas
madeiras?
(EK): Gosto bastante de
oferecer uma boa variedade aos clientes, tanto para aqueles que preferem as
madeiras tradicionais como freijó, marupá e mogno, como os que querem algo novo,
algo para ser diferente dos outros.
Quando faço as compras das madeiras, sempre aproveito um tempo para pesquisar alguma madeira nova e levar junto uma amostra para testar. Como fabrico corpos e braços, já tenho uma noção do que pode ser bom para ser usado em um corpo ou braço de uma guitarra, e então disponibilizo entre minha variedade de madeiras para quem quiser testar. Muitas destas madeiras acabaram sendo grandes acertos, como kiri e timburi.
Quando faço as compras das madeiras, sempre aproveito um tempo para pesquisar alguma madeira nova e levar junto uma amostra para testar. Como fabrico corpos e braços, já tenho uma noção do que pode ser bom para ser usado em um corpo ou braço de uma guitarra, e então disponibilizo entre minha variedade de madeiras para quem quiser testar. Muitas destas madeiras acabaram sendo grandes acertos, como kiri e timburi.
Strato em kiri |
(GMB):
Ainda dentro desse assunto, quais dessas madeiras te surpreenderam
positivamente? Quais as indicações de uso (se é para corpo, braço ou escala)?
(EK): O kiri, por exemplo,
é provavelmente a opção de madeira mais leve que tenha sido utilizado em
guitarras no Brasil. Um corpo de Stratocaster em kiri fica com cerca de 1,2kg,
isso é mais leve que um corpo de uma Telecaster Thinline de ash, por exemplo.
Outra opção interessante para corpo é o timburi, que segundo meu amigo Paulo
May, do blog “Louco por Guitarras”, é a melhor madeira nacional em timbre que
ele testou até o momento, em guitarras estilo Fender.
(GMB):
Existe muita polêmica a respeito do papel da madeira no timbre do instrumento.
Alguns dizem que a influência da madeira é grande. Outros, dizem que a questão não é tão
relevante. Qual é a sua opinião a respeito?
Strato em Cedro Rosa, braço cedro rosa e marfim |
(EK): Apesar
de receber diariamente perguntas sobre o timbre das madeiras, eu não sou o cara
certo para responder essa questão. Fabrico várias peças mensalmente, mas nunca
tenho a oportunidade de ouvir o som que vai sair delas quando os instrumentos
estão prontos.
De qualquer forma, toda a guitarra tem que ser feita com alguma madeira, e cada pessoa tem suas prioridades na hora da escolha, peso, beleza, timbre, etc. É uma questão bem pessoal.
De qualquer forma, toda a guitarra tem que ser feita com alguma madeira, e cada pessoa tem suas prioridades na hora da escolha, peso, beleza, timbre, etc. É uma questão bem pessoal.
Tele em freijó, braço marfim e jacarandá |
Detalhes de uma Tele Smuggler 67 em pinho |
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Braço em wenge |
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Capricho nos detalhes |
Facebook: https://www.facebook.com/kaiserguitars/?fref=ts
Instagram: https://www.instagram.com/kaiserguitars/
Tenho uma guitarra Les Paul feita pelo Eduardo, simplesmente linda e com um baita de um som, agora adquiri um baixo que está sendo construído por ele, a expectativa é que venha coisa boa novamente.
ResponderExcluirMuito legal! Fiquei curioso para ver sua Les Paul. Abraço e obrigado pela leitura.
ExcluirExcelente materia e referência em materiais nacionais. Sem duvidas o Kaiser hoje é muito coneituado e não à Toa.
ResponderExcluirMuito obrigado, Christian! Quando tiver mais novidades da Custom Hardware é só me falar. Abraço.
ExcluirObrigado galera! Tentando melhorar sempre!
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