Bate-Papo com Pedro Cassini (Jota Quest, Victor & Leo)
Saudações, pessoal!
Na seção “Bate-Papo” da vez, uma conversa com
o guitarrista, violonista e produtor musical Pedro Cassini, que já tocou com a
dupla Victor & Leo e atualmente acompanha a banda Jota Quest. Durante a
prosa, ele nos contou um pouco sobre sua trajetória musical como sideman,
influências musicais, seu encontro com o guitarrista Nile Rogers (Chic),
guitarras, dentre outros assuntos.
Por: Álvaro Silva
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Foto divulgação |
(Guitarras
Made In BraSil) Quando começou sua história com a música?
Pedro Cassini: Comecei a tocar violão aos 11
anos de idade, porém apenas aos 18 anos comprei minha primeira guitarra e
comecei a levar a música a sério.
(Guitarras
Made In BraSil) Você é autodidata ou teve algum estudo formal?
Pedro Cassini: Fiz algumas aulas com
professores de Belo Horizonte, mas a maioria do aprendizado foi autodidata.
(Guitarras
Made In BraSil) Quem foram suas influências musicais?
Pedro Cassini: O primeiro guitarrista que me
chamou atenção e me fez gostar de guitarra foi o Richie Blackmore, a partir daí
você vai passando por todos os guitar heroes: Hendrix, SRV, Gilmour, Satriani,
Knopfler etc. Gosto muito de ouvir os guitarristas/violonistas brasileiros, pois
a música brasileira é muito rica, mas depende muito do momento em que eu estou
vivendo. Tenho fases, ainda mais hoje em dia com o streamming e o acesso à
música ser mais fácil, cada dia você conhece um guitarrista melhor do que o outro.
(Guitarras
Made In BraSil) Com quais artistas você já tocou ao longo da carreira?
Pedro Cassini: Na noite de Belo Horizonte eu
toquei com muita gente, já tiveram anos em que eu toquei com mais de 18 bandas
(sim, eu anoto tudo, tenho essa mania). Como sideman toquei em 2012 com a dupla
sertaneja Victor & Leo, na tour "Ao Vivo em Floripa", como
guitarrista. Atualmente estou tocando com o Jota Quest na tour “Acústico Jota
Quest” (desde agosto de 2017). Tocar com esses artistas proporciona vários encontros
legais com outros artistas da música brasileira e internacional, dividir palco,
participações em programas de TV etc.
(Guitarras
Made In BraSil) Como é a carreira de sideman?
Pedro Cassini: Comecei a fazer freelancer com
várias bandas quando tinha 21 anos. Esse contato com vários artistas e repertórios
variados me fascinou desde o início. É uma vida profissional extremamente
dinâmica, você literalmente não para. Tinha semanas em que eu tocava com
sertanejo, rock, pop, gospel, tirando mais de 150 músicas, isso me ajudou muito
a crescer como músico e ser versátil. Todos esses "perrengues" que
você passa nos butecos, pubs etc., são extremamente necessários para você
conseguir ser um bom sideman de uma banda famosa, pois quando você é acionado
pelo artista que te contrata, você consegue resolver bem e rapidamente. Assim
como qualquer trabalho, para você obter sucesso, é necessário amar o que você
faz. Eu amo fazer um serviço bem feito no palco, tocar bem, deixar o artista
seguro e feliz com meu som. Se você quer ser sideman, foque nisso com todas as
forças e isso serve pra qualquer setor da música: autoral, instrumental,
estúdio, dar aulas etc. O bom sideman, ao meu ver, tem que pensar que ele é uma
empresa que presta serviço para o artista. É importante ser responsável
(pontualidade, organização etc.) e estar sempre bem atualizado em termos de repertório,
técnica e equipamento. Considerando esses fatores, você estará bem preparado.
(Guitarras
Made In BraSil) Imagino que as experiências na estrada sejam muito ricas. Você
se lembra de alguma história inusitada que pode nos contar?
Pedro Cassini: Costumo dizer a todos que me
perguntam sobre a estrada: "não adianta eu te falar como que é, você só
vai entender a estrada quando viver, é uma ciência, hehehe". Em 2017, com
uns 02 meses de Jota Quest, fiquei sabendo que nós iríamos tocar no Palco Mundo
do Rock in Rio, a expectativa foi ao máximo. Durante a semana, fomos fazer o
programa do Fantástico com o Nile Rodgers para promover o evento. Era surreal o
que estava rolando. De início, eu iria tocar apenas as músicas acústicas com o
Jota, não iria participar com o Nile, mas OK, sem problema! Só de estar ali já
era foda! Entrei no estúdio, passei som com a banda e no meio da passagem
entrou o Nile pra passar o som dele também. Todos paramos e ficamos de olho,
como sou guitarrista, era óbvio que eu queria sugar ao máximo tudo que ele
fazia para tirar aquele som único que ele tira (usou um amplificador Fender Hot
Rod alugado, normal e até meio enferrujado, cabo e a guitarra, nada mais! A
magia tá na mão dele mesmo (hehehe). Parei de tocar, fiquei quieto no canto,
afinal eu só tocaria as músicas acústicas: "1 2 3 4...." começaram a
passar com ele "Le Freak" (clássico do Chic) e eu ali curtindo como
fã, no meu canto, em cima do palco esperando pra passar as músicas acústicas. De
repente, o Nile para a música e fala: " - Hey, o garoto com o violão não
vai tocar?" dai eu pensei: "putz, ele tá falando comigo?", ai eu
olhei pra banda, eles me deram sinal de OK e comecei a falar com o Nile: "-
O que você quer que eu toque?" Ele começou a me passar o riff de “Le Freak”
pedindo pra eu dobrar com ele, inclusive me dizendo um segredinho sobre o riff:
" - Todo mundo que faz cover dela coloca essa nota aqui e eu não uso ela,
você faz assim...”. Enfim, foi um momento de extrema alegria e também de
tensão, afinal eu tinha que resolver rápido e tocar o que ele me passou de
primeira, com a banda e o pessoal no estúdio
do Fantástico me olhando. Graças a Deus deu tudo certo, vocês podem conferir a
apresentação completa no site da Globo
ou no meu Instagram, repostei recentemente no IGTV. Ao final do programa,
conversei com o Nile novamente, pedi pra ver a guitarra dele etc. Ele me confidenciou que sempre faz umas
dobras de violão nas músicas, mesmo que fique imperceptível, é quase uma coisa
percussiva.
Algumas lições que eu tirei nesse dia: 1)
se você sonha em fazer algo, não desista! 03 meses antes eu estava tocando em
pubs na noite em BH e nunca imaginaria que estaria gravando o Fantástico com o
Jota e com o Nile Rodgers em tão pouco tempo. 2) Fale inglês. Se eu não falasse
inglês fluente, poderia perder uma das oportunidades mais fodas da minha
carreira.
(Guitarras
Made In BraSil) Em razão da baixa vendagem em mídia física, da baixa
remuneração oferecida aos artistas pelos serviços de streaming e da pirataria,
alguns artistas se sentem desestimulados em gravar e compor material novo. O
que você pensa sobre isso?
Pedro Cassini: O mercado mudou e o artista
precisa se adaptar. A maior fonte de renda do artistas atualmente são os
shows, e um artista que não consegue fazer um show de qualidade... complicado,
né? Porém, é necessário gravar seu material sim, da melhor maneira possível, e
divulgar utilizando todas as ferramentas disponíveis. E são muitas! Isso é um
ponto muito positivo do mercado hoje em dia. Sou dono de um estúdio em Belo
Horizonte (Medisen Studios), produzimos diversas bandas e lidamos com isso
todos os dias. Ao meu ver a maior dificuldade do artista é entender qual é o público
dele. Todos querem ser mainstream e muitas vezes focam sua divulgação no
público errado. O resultado é que não conseguem sair do lugar. Estamos passando
por um processo muito importante do mercado musical, acredito que nos próximos
10 anos vai haver uma mudança significativa na arrecadação de streaming, ainda
é um assunto pouco conhecido pela grande maioria, o que vai fazer com que o
mercado fique muito aquecido. Oremos, hehehe.
(Guitarras
Made In BraSil) Você coleciona guitarras? Você tem algum modelo preferido?
Pedro Cassini: Não me considero um
colecionador. Já tive muitas guitarras e pretendo ter mais, hehehehe. O fato de
ser sideman é uma excelente desculpa (hehehe) pra eu ter vários modelos e
sonoridades, pra atender da melhor forma possível as demandas do mercado. Estou
em um flerte constante entre as Stratocasters, Les Paul e Telecasters. Não
adianta, sempre acabo voltando pra esses modelos.
(Guitarras
Made In BraSil) O mercado de guitarras custom shop fabricadas no Brasil tem
crescido nos últimos anos. Você tem, já teve ou pretende ter alguma guitarra
fabricada por luthier?
Pedro Cassini: Não só de guitarras, o mercado
custom shop brasileiro está sensacional! Pedais, amplificadores, guitarras etc.
Hoje você consegue ter um rig totalmente nacional com extrema qualidade e isso
deveria crescer ainda mais! Já tive várias guitarras nacionas, N. Zaganin,
Music Maker, Moreira, Beggiato e estou esperando uma guitarra Métis fabricada
pelo luthier Paulo Penteado, de Belo Horizonte, ficar pronta.
(Guitarras
Made In BraSil) E quanto aos pedais? Você é um aficionado por eles? Quais você
considera indispensáveis para uma gig?
Pedro Cassini: Viciado, né? Normal. Depende
muito da gig, tem trabalhos que precisa só do amp e da guitarra, assim como tem
trabalhos que você precisa daquele board enorme.
(Guitarras
Made In BraSil) Você poderia dar alguma dica para o músico que pretende atuar
como sideman?
Pedro Cassini: Tenha certeza que você quer
atuar nessa área. Você estará feliz em ficar fora dos holofotes? Isso parece
bobo, mas é extremamente importante - saber seu lugar. Trabalhe muito, sempre
procurando o melhor resultado possível. Respeite os músicos mais velhos, a
experiência da estrada não vem do dia pra noite. Seja profissional, seja
pontual, seja organizado. Toque bem, respeite a música, toque para música. Seja
ético, não passe por cima dos outros profissionais para atingir seus objetivos,
uma hora a vida te cobra. Faça com amor, a grana uma hora vem.
(Guitarras
Made In BraSil) Como estão os projetos para este ano?
Pedro Cassini: A tour "Acústico Jota
Quest" vai até o final do ano, então os compromissos ficam focados nesse
trabalho por enquanto. Em paralelo faço produções em meu estúdio (Medisen
Studios) e no meu canal do YouTube, (www.youtube.com/pedrocassinivideo)
e Instagram, local em que posto reviews de equipamentos etc.
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