Bate-Papo com o luthier Rodrigo Mozan
Por: Álvaro Silva (ahfsilva@gmail.com)
Rodrigo
Mozan é luthier e começou a dar os primeiros passos na profissão regulando o
próprio instrumento. Desde criança, ele sempre gostou de construir e desmontar
coisas, sendo assim, a vontade de construir a própria guitarra não demorou a
surgir.
Para
fugir do lugar comum, Rodrigo apostou na criatividade e irreverência, suas
guitarras muitas vezes apresentam formatos inusitados como coração, pé de pato,
personagens de desenhos animados etc. Para ele a imaginação parece não ter
limites.
Atuante
em Fortaleza, Ceará, ele oferece aos clientes serviços de construção e
regulagem de guitarras, violões e contrabaixos; pintura e customizações
variadas.
Durante
a entrevista, ele nos contou um pouco sobre sua trajetória na luteria, dificuldades
enfrentadas no exercício da profissão, deu alguns conselhos para quem está
começando, dentre outros assuntos.
*** Clique sobre as fotos para melhor
visualização.***
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Irreverência e capricho |
Como começou sua trajetória na luteria?
Rodrigo Mozan:
Comecei a tocar cedo, aos 12 anos de idade. Eu sempre gostei de construir e
desmontar coisas, nessa mesma época, comecei a mexer no meu violão fazendo
coisas simples como: abaixar rastilho, colocar roldana pra correia etc. Desde
então venho buscando aprender mais sobre a arte da luteria.
Quais foram as principais dificuldades que você enfrentou
no início da carreira como luthier?
Rodrigo Mozan: Basicamente
as mesmas dificuldades que enfrento hoje, mas em outra proporções (risos). Tudo
é difícil de conseguir na luteria: ferramentas adequadas, madeiras de qualidade,
vernizes para a pintura, peças (algumas são complicadas de achar e os valores
são bem altos), informações não são compartilhadas... Enfim, nossa mente está
sempre à frente do que podemos conseguir aqui no Brasil... Então, em linhas
gerais, as dificuldades maiores dizem respeito aos materiais para trabalhar.
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Violão em formato de Telecaster |
O mercado de guitarras está inundado por réplicas de
modelos consagrados. Em termos de design, qual é a importância da inovação
nesse seguimento? O público é aberto a inovações?
Rodrigo Mozan: Tenho
percebido que o número de pessoas que querem produtos diferentes/customizados
tem crescido, mas ao mesmo tempo, ainda existe uma galera bem conservadora.
Ademais, acredito que me destaco mais nas inovações, e acho que o público está
mais aberto às novas ideias.
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Saulo Fernades com um violão Mozan. |
Existe limite na customização de um instrumento?
Rodrigo Mozan: Em
minha opinião, o limite está somente entre a distância da ponte e do nut. O resto é variável e sem limites.
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Guitarra "Pé de Pato" |
Você costuma utilizar algumas espécies de madeiras
brasileiras em seus projetos. Com quais delas você mais gosta de trabalhar? Por
quê?
Rodrigo Mozan: Por
conta das dificuldades em encontrar madeiras consideradas de “tipo A”, sempre
usei as madeiras brasileiras de fácil acesso. Por exemplo, gosto muito de usar
o marupá, que é uma madeira leve, apresenta boa densidade e textura, é linda, é
ótima para se trabalhar e proporciona um ótimo resultado sonoro.
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Violão |
Quais conselhos você daria para quem está começando a dar
os primeiros passos na luteria?
Rodrigo Mozan: Acredito
que todos podem entrar nessa área, seja por hobby ou profissão. Todavia, é
importante fazer uma autoavaliação para ver se a pessoa apresenta aptidão para
arte, depois disso, como forma de treinamento, é preciso começar a mexer nos
próprios instrumentos, buscando sempre informações na internet, pois aos poucos
vão surgindo dúvidas. A princípio não acho interessante fazer um curso logo de cara,
pois a pessoa acaba não aproveitando tanto, porque nem dúvidas ela terá, pois
ainda não conhece muita coisa. Comece sozinho que o aprendizado será mais
valioso.
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Violão azul |
Além de fabricar instrumentos com um apelo “mais
convencional”, você aborda também um aspecto irreverente e lúdico nas
construções de alguns instrumentos. Você já fez guitarra em formato de coração,
de pé de pato, pica-pau... Você já tem algum outro projeto inusitado em
produção ou em mente?
Rodrigo Mozan: Sim.
Minha cabeça não para. Tenho algumas ideias, mas ainda não tive tempo para
executa-las. Quero muito fazer o Bob Esponja, o Mickey e uma folha de maconho -
apesar de ter medo desse projeto (risos). Enfim, gosto de coisas diferentes.
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Guitarra Pica-pau |
Quais são os seus planos para 2020 (por exemplo: participação
em feiras e exposições, lançamento de novos modelos etc.)?
Rodrigo Mozan: Meus
planos para esse ano são: colocar mais amor nos meus instrumentos, estudar
bastante sobre sons, músicos, entender cada dia mais os anseios dos meus
clientes, melhorar meu atendimento e a qualidade dos serviços prestados. Enfim,
meu plano é servir melhor a todos que me procuram.
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Rodrigo Mozan empunhando a "guitarra coração". Foto @eijeffersonlopes |
CONTATOS LUTHIER RODRIGO
MOZAN
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http://instagram.com/rodrigomozan
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