Bate-Papo com o Guitarrista Tuco Marcondes


Por Álvaro Silva (ahfsilva@gmail.com)

Tuco Marcondes é multi-instrumentista e produtor musical, ao longo dos quase quarenta anos de carreira, trabalhou com vários artistas renomados da música popular brasileira e do pop rock nacional e internacional, dentre eles: Fafá de Belém, Elba Ramalho, Alejandro Sanz, Charlie Brown Jr., Fagner, Titãs, Ana Carolina, Zélia Duncan, Cássia Eller, Belchior, Nasi, Ritchie, Simoninha, Danilo Caymmi, dentre outros. Atualmente integra a banda de Zeca Baleiro e desenvolve projeto autoral.

Prestes a lançar seu segundo disco solo, “Olho do Furacão”, que conta com várias participações especiais, dentre elas a de Evandro Mesquita (Blitz), eles nos contou um pouco sobre sua trajetória musical, algumas peculiaridades da profissão de produtor musical e sideman e deu detalhes do vindouro álbum.

Tuco Marcondes em ação (foto de divulgação).

Quando começou sua história com a música? Quais são suas influências musicais?

Tuco Marcondes: Começou aos nove anos com uma flauta doce que aprendi a tocar sozinho. Depois que passei para o violão, comecei a ouvir violonistas brasileiros das antigas por influência de um tio avô que me ensinava umas valsas e uns choros. Gostava também de  Beatles e outras coisas de rock e country. Além das coisas que ouvia no rádio, que iam de Martinho da Vila a Alice Cooper (risos).


Você sempre teve como meta profissional ser músico/produtor ou foi uma coisa que aconteceu despretensiosamente em sua vida?

Tuco Marcondes: Aos treze anos decidi que seria músico. Nunca tive dúvidas. Mesmo a família não aprovando não teve jeito (risos). Foi como um chamado. Música era uma coisa que eu compreendia de um jeito diferente mesmo antes de saber tocar. A partir desse momento, direcionei minhas energias pra isso e fui atrás de caminhos. O que não era nada fácil na virada dos anos 70 para os 80.

Tive a oportunidade de aprender a produzir na prática vendo  e gravando com músicos mais experientes que faziam  jingles e trilhas nos anos 80 e acompanhei toda a evolução tecnológica que ocorreu nos últimos 30 anos.


Qual é o papel do produtor durante as gravações de um trabalho artístico musical?

Tuco Marcondes: Penso que o produtor deve coordenar o processo todo, desde a escolha dos músicos e arranjadores, até a gravação, mixagem e masterização. A responsabilidade pelo produto final é dele.  No caso de estar produzindo algum cantor ou cantora, o produtor deve traduzir a estética do artista sem deixar seu gosto pessoal interferir nas decisões e estar sempre aberto a testar novas ideias.


E o trabalho como sideman? Quais são as peculiaridades dessa profissão?

Tuco Marcondes: É um trabalho árduo, mas muito gratificante. Exige muita paciência e disciplina. Não é qualquer um que se adapta. Muito tempo longe de casa, ausência de rotina e saudades da família faz com que muitos músicos optem pelo trabalho de estúdio. Nos primeiros anos é muito comum o músico ter que tocar em condições não tão boas e com artistas cujo gênero musical não lhe agrada, mas é parte do aprendizado. Aprendizado esse que será muito útil no futuro quando as oportunidades de trabalho melhorarem. Eu, particularmente, ainda adoro cair na estrada, vivenciar novas experiências e conhecer outras culturas. É a grande aventura da vida.


Você já tocou e/ou gravou com grandes nomes da música brasileira (Zeca Baleiro, Elba Ramalho, Fagner, Ana Carolina, Ritchie, dentre outros). Existe alguma curiosidade ou algum fato inusitado que você vivenciou durante sua carreira e que você pode nos contar?

Tuco Marcondes: Existem inúmeras!  Uma vez, por exemplo, num show do Zeca Baleiro em João Pessoa, tivemos que tocar com instrumentos emprestados por uma loja por que todo o nosso equipamento foi despachado por engano pra Manaus. A cada turnê a gente volta cheio de histórias curiosas.


Nos últimos meses você lançou algumas faixas (“Criminoso”, “Olho do Furacão” e “Gypsy Road”) que farão parte de seu novo álbum – “Olho do Furacão”. Você poderia contar um pouco sobre esse projeto?

Tuco Marcondes: Esse projeto reúne canções que produzi nos últimos anos e algumas bem antigas que ainda não haviam sido registradas. Uma parte delas são canções com letras compostas e cantadas por mim e a outra  parte é instrumental. Nesse trabalho exploro um pouco as sonoridades de instrumentos não muito convencionais como o sitar indiano e a tambura. Gravei algumas seções rítmicas com o Fernando Nunes no baixo e o Claudio Tchernev (Os Mutantes) na bateria, que tocam na minha banda. O disco também conta com várias participações especiais, o Evandro Mesquita (Blitz) cantou a música "Criminoso" comigo, Ubaldo Versolato gravou um clarinete em "Gypsy Road" entre outros.

Capa do EP "Criminoso"

Qual é a previsão de lançamento do disco?

Tuco Marcondes: Vou lançando aos poucos, de três em três. Quando tiver 11 faço o CD físico e lanço tudo de novo (risos). Devem sair mais duas ou três no fim do mês. Com a chegada das plataformas de streaming  esse método tem se mostrado mais eficaz.


Você tem ou já teve algum instrumento musical fabricado por luthier?

Tuco Marcondes: Tenho uma guitarra Strato excelente que foi feita pelo Ivan Freitas da Music Maker de quem eu sou cliente desde que ele começou. E tem uma Tele a caminho. Adoro essa Strato, gravei vários discos e um DVD com ela. O Ivan cuida de todos os meus instrumentos inclusive os exóticos. É um luthier fantástico.


O que você anda escutando ultimamente, isto é, o que rola na vitrola, cd player, celular do Tuco Marcondes?

Tuco Marcondes: Ouço muito as músicas com as quais estou trabalhando no momento. Quando sobra um tempinho ouço o que o Spotify me sugere baseado nas minhas escolhas e também artistas que sempre curti de todos os gêneros como Beatles, Milton Nascimento,  Debussy, a lista é grande...


Muitas pessoas estão por aí batalhando para viver profissionalmente de música. Quais dicas você daria para essas pessoas?

Tuco Marcondes: Acreditar no sonho de viver de música quando está dando tudo certo é fácil, difícil é continuar acreditando quando as coisas não vão bem. A realização do sonho é para aqueles que não desistiram quando as coisas estavam difíceis. Além disso, as dicas básicas: seja pontual, não seja um mala e toque direitinho. Nessa ordem!




  
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