Conheça a história da Sina Boutique Guitars, marca curitibana que se destaca com instrumentos de inspiração retrofuturista
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Sina modelo Simone. |
Fundada na cidade de Curitiba/PR, a Sina Boutique Guitars foi criada pelo jovem luthier Matheus Mayer, profissional egresso do Curso de Luteria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A marca vem se destacando no mercado ao apresentar instrumentos produzidos artesanalmente e com visual de inspiração retrofuturista.
Outros diferenciais marcantes presentes nas guitarras e contrabaixos Sina, dizem respeito ao rigoroso processo de seleção das madeiras e outros insumos utilizados, impecável acabamento e conforto/tocabilidade.
Para conhecer melhor a história da Sina Boutique Guitars, conversamos com o Matheus. Ele nos contou sobre os motivos que o levaram a se tornar luthier, o significado da marca, deu alguns detalhes sobre o design dos instrumentos e muito mais.
Por Álvaro Silva
O que mais te atraiu na profissão de luthier? Quando você começou a dar os primeiros passos?
Sempre
gostei de atividades criativas e de trabalhos manuais, de ver o processo todo
desenrolar, desde a concepção até a finalização. Juntando com minha paixão por
música, a Luteria foi o lugar perfeito para unir essas duas áreas. Como muitos
luthiers, meu primeiro contato com a profissão foi ajustando minha própria
guitarra. Procurava informações na internet e ia fazendo pequenos ajustes e alterações
aqui e ali. Percebi que gostava muito do processo e decidi prestar vestibular
para Luteria na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 2016, e acabei
entrando. De lá para cá tem sido um caminho contínuo de aprendizado.
Um aspecto bastante interessante nas guitarras que você fabrica é o design. Por que você optou por desenvolver modelos originais ao invés de seguir o caminho “mais fácil” das réplicas?
Para mim foi um processo orgânico. Nos primeiros instrumentos que construí, ainda no curso de Luteria, pegava modelos tradicionais e fazia pequenas adaptações no formato. Ali comecei a desenvolver minha própria linguagem. Depois de mergulhar de vez na Luteria e descobrir os trabalhos de diversos luthiers autorais, minha perspectiva estética se ampliou. Comecei a experimentar desenhos cada vez mais arrojados e tomei gosto pelo resultado.
É uma satisfação enorme ver concretizado um instrumento depois de passar por todas as etapas de projeto e construção, algo que não seria possível trabalhando apenas com réplicas.
Ao
longo desse caminho, sempre conversei muito com o Seithy, da Kuumba.Wa, que
estudou comigo na UFPR, e é uma grande inspiração.
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Sina modelo Nina. |
Como tem sido a receptividade do público com relação aos modelos?
Tem
sido boa! As mensagens e comentários que recebo têm mostrado que estou no caminho
certo. E além do feedback virtual, os músicos que testam os instrumentos elogiam
bastante a qualidade. Vejo que o mercado da Luteria nacional ainda gira bastante
em torno de modelos tradicionais (Strato, Tele, Les Paul), mas temos um movimento
focado em designs autorais florescendo. Acho importante valorizar e incentivar
esse nicho que ainda tem um pouco de desconfiança do público geral pela falta
de familiaridade com instrumentos “fora do padrão”.
Você fabrica outros instrumentos de cordas além das guitarras?
Além
das guitarras, tenho um modelo de baixo também. Também estou estudando construir
um bandolim elétrico. Meu foco é em instrumentos elétricos, sólidos e
semiacústicos.
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Contrabaixo Sina modelo Tim. |
Como é o processo de fabricação dos instrumentos?
Tenho
um ateliê pequeno, com maquinário limitado. Para compensar, aposto em jigs
que eu fiz e tecnologia. Já fiz desde desengrosso de lixa movido a furadeira até
enrolador de captador com rolamento de skate. Mando cortar a laser os gabaritos
que uso na construção dos instrumentos, para garantir melhor precisão e agilizar
as etapas. Ainda assim, o processo é muito artesanal, os entalhes do corpo e do
braço são todos feitos na base de ferramentas manuais e lixa, bem como a parte
de coroamento dos trastes e confecção de pestana. Gravei todo o processo da última
guitarra que construí e estou postando os vídeos no Youtube,
quem quiser ver o passo a passo pode conferir lá!
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Ateliê |
Os modelos que você fabrica são inteiramente customizáveis?
Sim,
mas dentro das limitações do projeto. Um tremolo estilo Jazzmaster, por exemplo,
não caberia numa guitarra modelo Nina ou Simone devido ao entalhe do corpo. Mas
estou sempre aberto a fazer estudos para adaptar os instrumentos ao gosto e
necessidades do cliente.
Quais diferenciais você destacaria nos instrumentos Sina?
Além
dos desenhos autorais, penso sempre no encaixe do instrumento no corpo do músico.
Gosto de fazer entalhes no corpo para deixar o contato com a guitarra mais ergonômico.
Também faço, sempre que possível, o salto arredondado e rebaixado, para
facilitar o acesso às notas mais altas. Além disso, deixo o braço do
instrumento um pouco mais largo do que o convencional. Assim, consigo
arredondar as laterais da escala e deixar o toque mais confortável. E tenho
como padrão fazer o acabamento do braço com óleo de tungue, que deixa uma
textura mais natural de madeira, que eu acho muito agradável.
Atualmente qual é o tempo médio de espera da realização do pedido até a entrega do instrumento?
Atualmente
estou pedindo 04 meses, a partir da conclusão do projeto. Esse tempo é com uma
folga, geralmente entrego antes.
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Sina modelo Elza. |
Alguma novidade programada para este ano?
Estou
terminando a primeira guitarra de um modelo novo, ainda sem nome, em breve
fotos! Também estou fechando o projeto de outra guitarra e, se tudo der certo,
a construção vai sair ainda esse ano. E estou para lançar os últimos episódios
da construção da Alcione que construí e pretendo gravar mais um vídeo nesse
estilo ainda esse ano.
Maiores
informações no Instagram
e YouTube
da Sina Guitars.
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Sina modelo Alcione. |
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