Entrevista: Rogério Delayon, guitarrista e produtor musical

Rogério Delayon (foto por Jefferson Barbosa)

Rogério Delayon é guitarrista, violonista, compositor e produtor musical. Ao longo de mais de trinta anos de carreira colaborou ao vivo e em estúdio com grandes nomes da música brasileira como Zeca Baleiro, Fábio Jr., Sandy & Júnior, Moraes Moreira, Lenine, Wilson Sideral, Eric Martin (Mr. Big), Leila Pinheiro, Flávio Guimarães, Victor & Léo, Zizi Possi, Zélia Duncan, Beto Guedes e muitos mais.

Durante o bate-papo, ele nos contou um pouco sobre suas primeiras influências musicais, como é ser músico no Brasil, a carreira de sideman, dentre outros assuntos.

Por Álvaro Silva (ahfsilva@gmail.com)


 O que te levou a tocar guitarra? Quais foram suas primeiras influências musicais?

Rogério Delayon: Eu aprendi violão com o meu pai aos 07 anos. Ele viu que eu levava jeito com o instrumento e me colocou numa aula. Quando completei 08 anos, ganhei uma guitarra Gianinni de brinquedo que funcionava direitinho. Dai não parei mais.

Minhas primeiras influências musicais foram Beatles e Elvis Presley. 

Quantos anos de carreira como músico profissional?

Rogério Delayon: Já se vão trinta e um anos de carreira.

Além de guitarra e violão, quais outros instrumentos você toca?

Rogério Delayon: São vários: cavaquinho, bandolim, banjo, dobro, viola de dez, baixo, charango, guitarra portuguesa etc.

Multi-instrumentista: tocando slide no dobro.

O que você tem ouvido atualmente?

Rogério Delayon: Eu ouço de tudo, porque sou produtor musical. Tenho que ficar antenado com as novidades do mundo da música.

Como é ser músico no Brasil? O profissional é valorizado ou ainda é alvo algum preconceito social?

Rogério Delayon: Em alguns aspectos atualmente está mais fácil, mas em outros mais difícil. Explico: fácil, pois com a tecnologia que se tem hoje, os meios de divulgação como YouTube, Spotify, dentre outros tantos, fazem com que sua música voe alto rapidamente. Sem falar nos materiais de estudo disponíveis na internet. Na minha época não tinha isso. Tínhamos que correr atrás de todo material para estudo, tirar músicas ouvindo os discos de vinil e fitas cassete; difícil, porque o mercado está saturado de artistas. Você tem que se destacar no meio de tantos artistas maravilhosos e músicos excelentes. Enfim, é uma luta diária.

Qual é a importância do produtor musical durante o processo de gravação? Você acha que ele deve ser mais participativo durante o processo criativo ou apenas gerenciar o trabalho em estúdio?

Rogério Delayon: Vou falar por mim. Eu trabalho de várias formas produzindo bandas e artistas solo. Participo até onde o artista me permitir. Depois disso, acato todas as decisões deles.

Você atuou como sideman para muitos artistas consagrados. Quais são os prós e os contras dessa profissão?

Rogério Delayon: Eu só vejo prós nessa profissão. Eu escolhi ser sideman desde muito cedo. Então sempre fiz com muito carinho, respeito e profissionalismo.  Aprendi muito nesses anos de sideman.

Em ação com o cantor Zeca Baleiro.

Durante os anos como sideman, aconteceu algum fato inusitado que você possa nos contar?

Rogério Delayon: Vários (risos). Mas um bem legal que me aconteceu foi tocar no casamento do Chorão (vocalista do Charlie Brown Jr.). Toquei na entrada de noiva.

Qual trabalho você mais orgulha de ter participado ao longo de sua carreira?

Rogério Delayon: Eu adoro todos, pois cada um tem sua particularidade. Mas, ter feito uma turnê com o Eric Martin (vocalista do Mr. Big), não tem preço.

Turnê com Eric Martin (vocalista do Mr. Big)

Como a pandemia afetou seu cotidiano profissional?

Rogério Delayon: Mudou pouco. Minha vida estava mais voltada para o estúdio. Não estava muito na estrada, por isso não me afetou tanto.

Neste momento crítico que estamos vivendo, muitos artistas estão passando uma série de dificuldades. O que você acha que poderia ser feito em termos de políticas públicas para amenizá-las?

Rogério Delayon: Estão passando por muitas dificuldades os artistas que dependem somente de shows e os profissionais que estão por trás dos bastidores como roadies, técnicos de som e luz, produtores, diretores de palco etc.

Eu não saberia dizer como poder público poderia ajudar. Tudo que envolve aglomeração realmente vai demorar muito a voltar.

Como andam os projetos para 2020? Teremos alguma novidade ainda neste ano?

Rogério Delayon: Estou com duas produções aqui no estúdio. O cd de uma cantor super legal - Wagner Cosse -, e outro de um gaitista de blues - Samir Chammas.

Ando pensando no meu trabalho autoral também.

 

Duelo com Steve Vai durante Masterclass em 2015.


Maiores informações no Facebook, Instagram e YouTube do Rogério Delayon.

 

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