Crítica Musical: Conheca Barn - novo disco de Neil Young & Crazy Horse

O veterano cantor e compositor canadense acrescenta mais um álbum em sua extensa e sólida discografia. A bola da vez é Barn, trabalho de inéditas concebido durante o período de lockdown e gravado num celeiro reformado construído no século XIX, localizado no alto das Montanhas Rochosas, porção do estado norte-americano do Colorado.

As dez novas faixas de Barn capturam um artista inspiradíssimo, atento à causa ambiental e disposto a explorar um lado sentimental repleto de memórias afetivas, paisagens bucólicas e amor. A sonoridade é crua e as letras são diretas.


Além de produzir o álbum juntamente com Niko Bolas, colaborador em vários outros projetos do passado, Neil Young tocou guitarra, gaita, piano e cantou os vocais principais em todas as faixas. Gravado ao vivo, Barn soa cru e espontâneo, praticamente como uma fita demo.

Como de costume, os velhos companheiros da Crazy Horse dão aquela encorpada “garageira” na parte instrumental. A formação atual da banda conta com Billy Talbot (contrabaixo), Ralph Molina (bateria e percussão) e Nils Lofgren (guitarra, piano e acordeão). Todos eles também participam com vocais de apoio.

Young alterna momentos elétricos e distorcidos com outros acústicos e brandos, algo habitual em sua carreira. Os momentos delicados ficam por conta das contemplativas “Song of the Seasons”, uma delicada canção acústica marcada pelo diálogo entre a gaita e as belas texturas de acordeão tocadas por Lofgren e “They Might Be Lost”.  Neil Young celebra o amor nas doces “Shape of You”, “Don’t Forget Love” e “Tumblin’ Through the Years”, canções provavelmente inspiradas no relacionamento com a atriz Daryl Hannah, sua atual companheira.


“Heading West” é aquele rock básico e sujo que Neil Young sabe fazer como ninguém. Nela o artista canta sobre lembranças dos tempos de juventude.

Na balada elétrica “Canerican”, Young aborda a questão da imigração citando suas experiências como cidadão canadense e americano, além do sentimento de pertencimento e gratidão que ele possui com relação aos dois países.

Em “Change Ain’t Never Gonna”, um blues com clima de saloon, Neil Young expõe sua raiva com a insistente utilização dos poluentes combustíveis fósseis pela humanidade. Ainda falando sobre a questão ambiental, o cantor narra cenários de devastação causados pela intervenção humana na natureza e clama por mudanças urgentes em “Human Race”.

Uma das melhores faixas de Barn é a épica “Welcome Back”. Trata-se de uma herdeira direta de “Cortez the Killer”, repleta de licks de guitarra tortos e melancólicos que se misturam ao vocal sussurrado do cantor.

Barn capta toda a essência criativa de Neil Young e seu talento inigualável para compor rocks crus e belas baladas que passam longe da cafonice. (Por Álvaro Silva)


FICHA TÉCNICA

Artista: Neil Young & Crazy Horse

Álbum: Barn

Produção: Neil Young e Niko Bolas

Data de lançamento: 10 de dezembro de 2021

01. Song of the Seasons (Neil Young)
02. Heading West (Neil Young)
03. Change Ain’t Never Gonna (Neil Young)
04. Canerican (Neil Young)
05. Shape of You (Neil Young)
06. They Might Be Lost (Neil Young)
07. Human Race (Neil Young)
08. Tumblin’ Thru the Years (Neil Young)
09. Welcome Back (Neil Young)
10. Don’t Forget Love (Neil Young)



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bate-papo sobre freijó com o luthier Henry Canteri (HC Guitars)

Bate-Papo sobre imbuia com o luthier Marcelo Valédio (Valédio Custom Guitars)

Bate-papo sobre pau-ferro com o luthier Gustavo Poli Konno (Klingen Guitars)