Bate-papo com o luthier Henrique Hutsch (Henrique Luthier/Hutsch Custom Guitars)
Saudações!
Hoje o
bate-papo é com o luthier Henrique Hutsch proprietário da oficina Henrique
Luthier/Hutsch Custom Guitars (Belo Horizonte/MG). Além da
tradicional regulagem e revisão em instrumentos de corda, a empresa oferece
serviços de construção de instrumentos musicais (guitarra, contrabaixo, violão,
etc.), customização (pinturas e trocas de componentes), venda de instrumentos
e acessórios musicais.
Boa leitura!
Henrique Hutsch (HH): Desde criança,
sempre gostei de abrir as coisas pra saber como funcionavam. Gostava de
ferramentas e de consertar os aparelhos de casa. Naturalmente, quando tive
minha primeira guitarra, a primeira coisa que fiz depois de dar os primeiros
acordes, foi desmontá-la completamente para ver seu funcionamento. Não conhecia
a profissão de luthier até o dia que precisei realmente de um. Minha guitarra
ficou impossível de tocar, e eu não conhecia ninguém que consertava. Depois de
muito perguntar, me disseram que havia um profissional específico para isso. Foi
aí que conheci a profissão, e ao ver minha guitarra consertada, não tive dúvidas
que eu também queria saber fazer aquilo.
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Hutsch PRS |
(HH): Esse aprendizado é crucial. Você
pode passar anos para descobrir as coisas básicas, poderia ter descoberto
aquilo em minutos com um professor. Além desses citados, foram vários outros
estudos para me formar como profissional, estudos na área de eletrônica,
mecânica, pintura, desenho técnico, entre outros. Claro que estudar por estudar
não resolve nada. É fundamental colocar em prática os conhecimentos e se conhecer
como profissional. Não se pode sair por ai
fazendo serviços errados, sem instrução. O risco é grande de você se queimar.
(HH): Totalmente não, e se levarmos ao
pé da letra a pergunta, acho que ninguém faz.
Se o cara usa uma serra de fita no processo, já não se pode considerar
manual. Os meus instrumentos são feitos em um processo que eu possa garantir a
maior qualidade possível dentro de minha oficina. Não viso alta produção, eles
são feitos um a um, observando cada detalhe. Se eu tenho algum equipamento em
minha oficina que me garanta maior qualidade, eu quero e vou utilizá-lo.
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Restauração: antes e depois |
(HH):
Essa pergunta geralmente faço aos clientes. Todo instrumento tem sua
história e existem instrumentos que são como relíquias de família, não importando
o valor comercial e sim o valor sentimental. Agora, achar que um instrumento
que foi feito a 50, 60 anos atrás é melhor que um novo é bobeira. As
tecnologias mudam e os instrumentos se atualizam. Por isso que um instrumento
antigo na maioria das vezes estará defasado em relação a um novo. Claro que existem as exceções,
e em raros casos temos instrumentos antigos que são joias raras a serem reconstruídas.
(HH): Em hipótese alguma não, porém tem
coisas que realmente não justificam ser feitas. Nesses casos instruo o cliente
a ir por outro caminho.
(GMB): Além dos serviços de construção, restauro e regulagens de
instrumentos, você oferece em seu ateliê cursos para quem quer aprender o
ofício de luthier ou apenas regular o instrumento. É preciso ter algum nível
prévio de conhecimento para participar desses cursos ou qualquer pessoa
interessada pode se matricular?
(HH): Tenho alunos de todos os tipos,
não há nenhuma restrição, mas claro que é importante saber tocar pelo menos
algum instrumento para se ter melhor noção sobre afinação e tocabilidade.
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Hutsch Superstrato |
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