Bate-papo sobre peroba-rosa com o luthier Alexandre Carrozza
Saudações!
Continuando nossa série sobre madeiras
brasileiras, desta vez falaremos um pouco sobre a peroba-rosa. Proveniente da
Mata Atlântica, conhecido bioma de floresta tropical, que no Brasil abarca a
costa leste, sudeste e sul, também possui ocorrência registrada em outros
países da América do Sul, como Argentina, Paraguai e Venezuela. Sua utilização
mais comum é na fabricação de vigas, tacos, móveis pesados e na indústria naval.
Apesar de alguns profissionais brasileiros
utilizarem a peroba-rosa há tempos na construção de instrumentos musicais,
recentemente ela ganhou evidência através da empresa americana
Paul Reed Smith, que a utilizou numa linha limitada de guitarras que utiliza
madeiras reaproveitadas.
Para esclarecer alguns aspectos a respeito do
emprego da peroba-rosa na construção de guitarras, conversamos com o experiente
luthier Alexandre Carrozza (Carrozza Custom Guitars), que recentemente
construiu um lote de guitarras utilizando esta madeira.
Aproveitamos a oportunidade para agradecer ao
luthier Alexadre Carrozza pelas excelentes explicações.
*Todas as fotos foram fornecidas e são de guitarras Carroza Custom Guitars.
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Corpo peroba-rosa escavado |
Em termos sonoros, quais são as características da peroba
rosa?
Alexandre Carrozza: Essa
é uma pergunta muito difícil de responder com certeza, pois pra mim o que
define o som do instrumento é o comprimento da escala e o posicionamento dos
captadores. Mas para título de ilustração, vamos de grave com um brilho bem
legal!
A peroba rosa é uma madeira fácil de ser trabalhada?
Alexandre Carrozza: Excelente!
Uma das melhores. O corte fica perfeito, não saem cavacos tipo fios como no maple,
não lasca como no cedro. Uma das melhores.
A peroba rosa geralmente é uma madeira pesada?
Alexandre Carrozza: Sim.
Devido a sua massa ser bem densa, se assemelha ao peso do tauari, jatobá, dentre
outras madeiras pesadas.
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Detalhe parte traseira de um corpo de peroba-rosa |
Quais são as indicações para o uso da peroba rosa na construção de instrumentos sólidos?
Alexandre Carrozza: Eu
uso para corpo e braço. Aliás, corpo com chambers
com top feito de outra madeira fica
ótimo! Ela também pode ser usada como top, também serve muito bem. Como corpo sólido,
particularmente acho bem pesado.
No caso de braço, fica demais também. É uma
madeira espetacular!
Essa peroba que eu uso é uma peroba chamada “peroba-do-Paraguai”,
que vinha para o Brasil nas décadas de 70 e 80. Geralmente ela é proveniente de
demolições.
É uma madeira de fácil acabamento e colagem?
Alexandre Carrozza: Muito
boa e fácil de ser acabada, pois por ser densa, necessita de poucas demãos de
fundo e verniz, o oposto do cedro, freijó ou mogno.
Sua coloração também é bem chamativa, puxa
para um tom de salmão ou laranja ou mesmo rosado.
A colagem é muito boa, pois une muito bem e não
tem problemas com oleosidade.
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Telecaster com corpo de peroba-rosa e top em caviúna |
CONTATOS LUTHIER ALEXANDRE CARROZZA/CARROZZA CUSTOM
GUITARS
Tenho acompanhado as entrevistas excelentes c pessoas de representatividade real no meio
ResponderExcluirJa tinha ouvido falar muito do Alexandre Carrozza (Carrozza Custom Guitars),..mas fiquei impressionado com duas coisas...
ResponderExcluirPrimeiro: - por ele utilizar Peroba uma madeira considerada pesada. Sempre quis trabalhar com Peroba na TowerS Steel Guitars....agora depois dessa aula sobre madeira, vou começar a utilizar principalmente pelas explicações sobre a facilidade de cortar e a perfeição do corte.
Segundo: - Por ele, Alexandre Carrozza, ser de Jaú, minha querida terra Natal....
Obrigado Alvaro por mais essa entrevista que na verdade é uma aula...
Parabéns a todos envolvidos
Mestre Adair, muito obrigado!
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